Avanço na tecnologia para tratar CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO reduz efeitos colaterais em pacientes.
tratamento de câncer cabeça e pescoço

  O tratamento do câncer tem evoluído muito nas últimas décadas com novas técnicas e tecnologias que proporcionam maior chance de cura. Os pacientes com a neoplasia de cabeça e pescoço foram alguns dos muitos beneficiados com os avanços no tratamento e nas estratégias para se diminuir as sequelas.

  O termo câncer de cabeça e pescoço é definido por bases anatômicas e topográficas para descrever tumores malignos do trato aerodigestivo superior, incluindo a cavidade oral, nasofaringe, orofaringe e laringe. O tipo histológico mais comum é o carcinoma de células escamosas, presente em mais de 90% dos casos e acomete mais os homens com idade acima de 40 anos. O álcool, o tabaco e o vírus papiloma humano (HPV) são os principais fatores de risco conhecidos para a doença.

  Ao longo dos últimos anos, a radioterapia tem desempenhado um papel significativo no tratamento dos cânceres de cabeça e pescoço. Cerca de 74% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço necessitam ser submetidos à radioterapia definitiva ou ao tratamento radioterápico pós-operatório.

  A transição da radioterapia bidimensional convencional (2D-RT) para a radioterapia conformada tridimensional (3D-CRT), juntamente com evoluções tecnológicas adicionais no campo da radioterapia, levaram à implementação clínica bem-sucedida da Radioterapia de Intensidade Modulada (do inglês, Intensity Modulated Radiotherapy, (IMRT), técnica que constitui uma evolução da Radioterapia Conformada Tridimensional (3D-CRT). A IMRT tem representado um grande avanço terapêutico para os pacientes que foram submetidos a essa técnica específica de tratamento radioterápico.

  As técnicas de IMRT conferem a habilidade de se criar campos de tratamento com intensidade variada de feixes radioativos. O feixe de radiação pode ser ajustado aos volumes tumorais irregulares com extrema precisão, ao mesmo tempo em que reduz a carga de radiação liberada nos tecidos sadios circundantes e estruturas anatômicas críticas, como a medula espinhal, o tronco cerebral, as glândulas parótidas, olhos, nervos ópticos, quiasma, glândulas lacrimais, cóclea e mandíbula, no caso do câncer de cabeça e pescoço. A habilidade de se liberar doses mais baixas de radiação nos tecidos normais, enquanto mantém ou aumenta a dose nas áreas alvo, faz da IMRT a opção de tratamento mais apropriada em comparação com a radioterapia bidimensional convencional (2D-RT) e com a radioterapia conformada tridimensional (3D-CRT).

  A radioterapia causa toxicidades agudas e tardias que afetam vários órgãos e funções. Uma das toxicidades agudas mais comuns que ocorre como um dano da mucosa da área da cabeça e do pescoço em função da irradiação é a mucosite. No caso da toxicidade tardia, a característica mais comum é a xerostomia, na qual uma considerável redução da produção de saliva leva a uma persistente secura da boca, desconforto oral, dor de garganta, cárie dentária, dificuldade de falar, alteração do paladar e dificuldade para mastigar e engolir. Alterações essas que levam a uma deficiência nutricional e perda de peso.

  De acordo com resultados de estudos já publicados, a técnica IMRT melhora o perfil de toxicidade sem comprometer a eficácia do tratamento. A redução das toxicidades agudas e tardias em conjunto com desfechos de tratamento comparáveis ou superiores aumenta a necessidade do uso da técnica IMRT para o tratamento dos carcinomas de cabeça e pescoço.

  A técnica de modulação do feixe de radiação (IMRT) permite que a dose prescrita de radiação possa se “moldar” à forma do local a ser irradiado, permitindo máxima proteção das áreas onde não se deseja tratar. Por isso, a IMRT tem impacto favorável na qualidade de vida dos pacientes e com possível melhora nos índices de controle local da doença e sobrevida global. A melhora na tolerância do tratamento não é apenas estatisticamente significativa, mas clinicamente muito relevante.

Dra. Caroline Sartori Basso
Radio-Oncologista
Cremers 29.911
Responsável Técnica do setor de Radioterapia do COC Erechim -Centro de Câncer